‘Aedes do bem’ em casa? Mosquito com modificação genética para combater dengue ganha versão domiciliar

Mayer Fischer
By Mayer Fischer

Projeto de multinacional britânica de combater doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti também é executado em parcerias com governos municipais.

O projeto “Aedes do Bem”, que utiliza mosquitos geneticamente modificados em laboratório para atuar no combate ao vetor da dengue, ganhou um novo modelo que utiliza “mini caixas” da tecnologia em versões domésticas, com dosagem menor dos insetos para uso em residências ou pequenos estabelecimentos comerciais.

A informação é da multinacional britânica de biotecnologia responsável por fazer a mutação genética do mosquito e que tem planta em Campinas (SP). A empresa também possui o projeto ativo na versão maior, quando são feitas parcerias com os governos municipais para soltura em pontos da cidade, em cinco municípios do país.

A opção do uso das caixas domésticas do “Aedes do Bem”, que estão à venda pela internet e também em algumas gôndolas de lojas físicas em algumas cidades, entre elas Campinas, aparece em meio a um aumento expressivo de casos de dengue em todo o Brasil e a preocupação quanto ao surgimento de uma epidemia.

Na metrópole, o cenário é de alerta principalmente para a reintrodução dos sorotipos 3 e 4, que não circulam no município desde 2009 e 2014, respectivamente. De acordo com a Secretaria de Saúde, até quarta-feira (31), Campinas já havia registrado 1.483 casos em 2024, enquanto que, no ano passado, foram 11.332 infecções e três óbitos – a sexta maior epidemia de dengue da história da metrópole.

A empresa informou que criou o “Aedes do Bem” para oferecer uma solução de enfrentamento à dengue e a outras doenças causadas pelo Aedes Aegypti, como Zika e Chicungunya, por meio do controle biológico das espécies com uma estratégia de combater “mosquito com o mosquito”.

O projeto teve ações de testes na região, em Indaiatuba (SP), antes de ser aprovado para uso comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em 2020.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a emitir um comunicado no qual informa que também deveria regular e autorizar a comercialização do produto, o que gerou um processo judicial. Até agora, a decisão da Justiça é de que, por se tratar de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), cabe ao CTNBio a regulamentação.

A tecnologia usa mosquitos autolimitantes para combater a própria espécie, fazendo o controle da população de fêmeas transmissoras de doenças e, assim, aumentar a proteção.

O g1 conversou com a CEO da empresa no Brasil e explica, abaixo, detalhes do que se trata a iniciativa, como ela age em ambientes domésticos, estratégias para “popularizar a tecnologia” e, por fim, uma atualização dos resultados da execução do projeto em Indaiatuba.

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